31 janeiro, 2013

Eu ajudava

Sou feliz no meu eu e nele sobrevivo,
transparente no que sou no que faço e no que digo,
incerteza indiscreta
fascinada pela descoberta
sou o vazio que faltou preencher
e quem fica a perder
mas é assim que sobrevivo.
Sou a paz desconhecida,
a felicidade desaparecida
a luz recolhida
mas ninguém me procura
porque já não importa a espessura
apenas a existência
e por mais fino que seja
se existe, já é experiencia.
um história pequenina
de uma pedra no caminho´
é um barco navegando
num difícil remoinho.
dificuldades trocadas
dores exageradas
hipérboles recheadas
das piores enxurradas.
Deixem-se assim
deixem-se ficar
só a mim
não me venham criticar.
seria o vosso pano se vos faltasse vela
mas se preferem ser tristes
abandonem a caravela.
seria o vosso isqueiro se vos faltasse lume
mas se preferem ser miseráveis
contentem-se com o estrume.

DeltaEspírito

O pior estado em que o ser humano se pode encontrar é dar por si aflito de tão forte o aperto no peito e tão pesadas as lágrimas mas tão grande a dúvida. É inexplicável o estado porque a razão para este é desconhecida, ou pelo menos não está clara como devia. É estupidamente uma tristeza que nem sabe se é por desilusão, por carência ou por outro qualquer motivo que o leve tão rápida e desesperadamente à depressão. É encontrar-se à espera de algo que não é merecido nem desejado mas que saberia bem, visto o estado em que se encontra. A todo este ambiente triste é retirada a razão e ao fim de uns segundos apenas perde-e o controle por completo de si próprio. Não saber o que se passa, saber apenas que quer chorar no ombro de outro ser humano sem que este lhe peça para explicar o que se passa mas mesmo assim perceba tudo, como se um outro alguém conseguísse perceber o que nem o próprio percebe sobre si mesmo. É talvez pelo auge de felicidade momentânea que a vida lhe proporciona. Quando esta lhe é retirada, por muito bom que seja o momento, nunca será bom o suficiente. Quanto mais se experimenta a felicidade, mais se sente a tristeza, porque quanto maior a variação, mais distanciados estão os extremos. O problema está na dúvida que vem com a extremidade negativa. O não saber o que o faz sentir tão miserável torna-o ainda mais estapafúrdio do que o que já se sente. O estar neste estado constantemente e a rapidez com que muda de humor, quase sem se aperceber, incomoda-o. Mas que ser estúpido e irracional é este que consegue estar no apogeu da felicidade sem ter motivos para isso e numa questão de instantes não consegue sair do buraco porque está coberto de tristeza cuja origem lhe é uma incógnita? Mas que forma de experienciar o mundo é esta? Mas que realidade é esta? Mas que normalidade?